APRESENTAÇÃO
Obrigado por visitar o Museu Casa de Casimiro de Abreu. Esta publicação é um pequeno resumo com o objetivo de ajudar a conhecer a história desse imóvel, do município em que se localiza e de seus históricos ocupantes.
SOBRE O MUSEU
Este prédio é tombado pelo IPHAN, pertence ao patrimônio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, está cedido ao município e é administrado pela Fundação Cultural Casimiro de Abreu.
Esta casa é muito importante para a história do Brasil, pois aqui nasceu e viveu parte da sua infância o poeta Casimiro de Abreu.
É importante saber que as peças de época em exposição não pertenceram ao poeta. Tendo sido vitima de tuberculose, todos os seus pertences foram queimados para evitar o contágio, conforme se acreditava no século XIX. Assim, o acervo que possuímos serve como referência daquele período. Estão aqui também expostas produções de artistas locais muito importantes para a identidade cultural do nosso município.
A Casa é também um espaço multiuso, onde acontecem eventos das mais variadas manifestações culturais. Para ficar informado sobre a programação, visite o site: www.culturacasimiro.rj.gov.br
Aproveite para conhecer também outras atrações turísticas de Barra de São João. Fique a vontade, a Casa é sua.
A HISTÓRIA DO MUNICÍPIO
Em 1619 padres jesuítas acompanhados de colonos vindos da Sesmaria de Campos Novos (hoje município de Cabo Frio), instalada três anos antes, estabeleceram uma capela em homenagem a São João Batista na foz do Rio Peruíbe (hoje Rio São João), no mesmo local onde hoje se encontra a atual Capela. Em 1748 o Padre capuchinho Francisco Maria Talli, junto com índios Guarús, consegue erguer uma capela dedicada a Sacra Família de Ipuca em terras ocupadas oito anos antes, onde hoje fica o distrito de Aldeia Velha no município de Silva Jardim, logo transformando-a numa freguesia . No início do século XIX, em 1801, devido a constantes surtos de doenças e epidemias, a sede da Freguesia é transferida para a Foz do Rio São João, onde é erguida outra Capela em homenagem a Sagrada Família, que passa a pertencer ao recém emancipado município de Macaé, em 1813. Trinta anos depois, em 1843, a freguesia é elevada a categoria de vila e tem sua área delimitada, incluindo os povoados de Indaiaçu (Casimiro de Abreu) e Leripe (Rio das Ostras) e em 1859 desmembra-se de Macaé com a instalação da primeira Câmara Municipal. A Comarca de Barra de São João é finalmente criada em 1874 e a Vila vira cidade em 1890.
Depois de ficar mudando entre Barra de São João e Indaiaçu durante vários anos, finalmente em 1925 a sede do município passa definitivamente para Indaiaçu em função do crescente progresso registrado no povoado proporcionado pela estrada de ferro. Neste mesmo ano Indaiaçu passa a se chamar Casimiro de Abreu e em 1938 todo o município passa a se chamar Casimiro de Abreu.
O POETA
Casimiro de Abreu é um dos maiores expoentes da segunda geração do Romantismo, onde também se destacam Álvares de Azevedo, Fagundes Varella e Junqueira Freire. Além de poesia, escreveu crônicas, romances, textos publicitários, mas sua maior obra foi o livro de poemas “Primaveras”. O poeta da saudade é o patrono da cadeira nº 6 da Academia Brasileira de Letras, distinção esta concedida por Machado de Assis, fundador da Academia e seu amigo particular. Para conhecer melhor o poeta, vamos conhecer a sua história e de sua família:
José Joaquim Marques de Abreu, que viria a ser o pai de Casimiro de Abreu, chega ao Rio de Janeiro em 1829 vindo de Portugal. Une-se a Luiza Joaquina Neves em 1833 e em 1834 vai residir no vale do Rio São João, região rica em madeira de lei, sua principal atividade comercial, fixando residência em propriedade na localidade do Lontra, próxima a Indaiaçu (hoje Casimiro de Abreu), vindo a possuir terras também em Correntezas na Vila de Capivary (hoje Silva Jardim) e no Arraial de Barra de São João. Em 1839 a família, já incluindo a irmã Maria Joaquina, se muda para a Casa em Barra de São João onde Casimiro nasceu e também sua irmã Albina Teresa.
No ano de 1849 Casimiro de Abreu vai estudar no Colégio Freese em Nova Friburgo onde fica até o início de 1853, quando é enviado ao Rio de Janeiro e de lá para Portugal acompanhando seu tio Manoel Joaquim, que se encontrava doente. Em 1854 toda a sua família embarca para Portugal, mas seus pais retornam para o Brasil em 1855. Casimiro encena no Teatro Dom Fernando a sua cena dramática “Camões e o Jau” em 1856 e no ano seguinte retorna ao Brasil, indo residir na Fazenda Indaiaçu. Neste mesmo ano retorna ao Rio de Janeiro onde vai trabalhar no escritório comercial Cabral e Costa. Em 07 de setembro de 1859 sai a primeira edição do livro “Primaveras”. Em 17 de março de 1860 morre o pai de Casimiro e ele retorna a Barra de São João para cuidar do sepultamento e inventário. Seis meses depois, em 18 de outubro, após uma tentativa sem sucesso de tratamento em Nova Friburgo, Casimiro de Abreu também morre na Fazenda Indaiaçu e é sepultado em Barra de São João junto ao túmulo de seu pai.
A CASA DE CASIMIRO DE ABREU
Não existe uma data precisa para a construção da casa de Casimiro de Abreu, mas possivelmente tenha ocorrido entre 1833 e 1834, quando o pai de Casimiro de Abreu veio fixar residência na região. A casa era um trapiche e funcionava como entreposto comercial de onde o pai de Casimiro de Abreu comercializava madeira, café e demais produtos agrícolas produzidos nas suas fazendas e dos proprietários vizinhos.
Um fato importante aconteceu em 1851, quando pai de Casimiro de Abreu foi obrigado a residir longe do litoral por conta de seu envolvimento com tráfico de escravos, penalizado pelo então Ministro da Justiça Euzébio de Queiroz em cumprimento a lei que levava seu nome e publicada em 1850. Provavelmente a casa foi vendida após esta data, uma vez que há o registro da venda realizada pelos herdeiros de Antônio J. V. Peixoto para Cyro Meirelles em 1924. Em 1938 o imóvel foi adquirido pelo benemérito Bernardo José Gomes e consta que seria doado ao município para a instalação de um museu dedicado ao poeta. Em 1958 foi realizada a doação ao Estado do Rio de Janeiro pelo próprio Bernardo Gomes com a destinação específica em se transformar em uma Casa de Cultura, instituída pelo próprio estado através do decreto nº 5580 de 04 de janeiro de 1957.
Em 1960, por iniciativa da Câmara Municipal, foi pedido o tombamento à Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional o que aconteceu no dia 13 de março de 1963, através do processo nº 613-T-60.
Entre os anos de 1964 e 1974 passou pela primeira reforma e adaptação do espaço. Nesta época foi suprimida a parte traseira, mantendo-se a área como hoje conhecemos.
Entre 2005 e 2008 passou pela segunda reforma, recebendo as adaptações e modernização atuais, incluindo itens de acessibilidade, exposição interativa, a área de convivência externa nas margens do Rio São João e o conjunto escultórico representando o poeta sentado e o menino brincando.
Em 2010, através de convênio, a administração passa para o município.
CURIOSIDADES DE BARRA DE SÃO JOÃO
•A rodovia Amaral Peixoto começou a ser implantada em 1938 e foi asfaltada em 1950.
•A ponte ferroviária de Barra de São João foi inaugurada em 1942, com a presença do Presidente Getúlio Vargas. Fazia parte da iniciativa de levar os trilhos da Estrada de Ferro Maricá até Macaé, como ação estratégica durante a Segunda Guerra Mundial. A ferrovia jamais chegou, tendo parado em Cabo Frio e a ponte passou a ser utilizada para o tráfego de automóveis, não tendo suportado o tráfego, foi interditada. A primeira parte da construção caiu em 1977, no lado de Tamoios.
•Ponte rodoviária na Rodovia Amaral Peixoto começou a ser construída em 1957 e foi inaugurada em 1964, em razão da interdição da antiga ponte ferroviária.
•Antes da construção das pontes, o transporte de pessoas e mercadorias entre as duas margens do Rio eram realizadas através de balsas.
•Morro do Telégrafo é assim conhecido por ter recebido uma torre de transmissão radiotelegráfica durante a segunda guerra mundial.
•Existem relatos de pousos e decolagens de aviões na área do praião durante a segunda grande guerra. Na época não havia construções no local.
•O Imperador Dom Pedro II dormiu uma noite em Barra de São João durante uma viagem a Quissamã. Receber um imperador era uma distinção concedida a poucos.
•O pintor Pancetti residiu em Barra de São João na década de 1940, onde realizou algumas de suas conhecidas “Marinhas”.
•Em 1817, o pintor Debret, integrante da missão artística francesa trazida ao Brasil pela Família Real, esteve em Barra de São João e realizou alguns registros a lápis, bem como do artesanato indígena local.
•Em 1832 o naturalista inglês Charles Darwin visitou Barra de São João, na sua famosa expedição na qual formulou a “Teoria da Evolução”.
BIBLIOGRAFIA
FREIRE, José Ribamar Bessa; MALHEIROS, Márcia Fernanda. Aldeamentos Indígenas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, EDUERJ, 2010.
TARDELLI, Cenir. Barra de São João, Rio Mar e Poesia.
AGUIAR, Ricardo Martins. Barra de São João e Casimiro de Abreu: Notícias Históricas da Terra do Poeta. Casimiro de Abreu, Gráfica e Editora Poema, 2009.
OLIVEIRA, Mário Alves de. 150 anos de Primaveras. Niterói, NITPRESS, 2009; Correspondência Completa de Casimiro de Abreu. Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras, 2007; Casimiro de Abreu através dos seus Manuscritos. Rio de Janeiro, Joséphine, 2013.
Informações
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